Mordida: este
é certamente um dos maiores temores de mães com filhos em berçários e escolas
de Educação Infantil. Claro, ninguém gosta de ver aqueles sinais doloridos na
pele de seu filho. Mas, como é uma fase natural, é preciso entender o que isso
significa.
Antes de tudo, é preciso considerar que
para a criança a mordida não é uma arma, como seria para um adulto. É antes,
uma forma de expressão. Desde que o bebê nasce, é pela boca que ele percebe o
mundo. Não apenas pelo ato de sucção e das mamadas, mas pelo choro, pelo riso,
pelo balbuciar. À medida que cresce e com o surgimento dos dentes, esse
processo continua, e morder também passa a ser uma forma de interagir com o
mundo, de perceber a consistência de um objeto e também de provocar reações. As
crianças nesta fase oral ainda não verbalizam com fluência e a linguagem do
corpo acaba sendo mais eficaz. Nesta fase ela é egocêntrica, imaginando que o
mundo funciona e existe por causa dela. Portanto, em sua concepção, tudo o que
deseja deve ser prontamente atendido e, quando isso não acontece, gera os
chamados "conflitos sociais". Para compreender as mordidas, é
necessário levar em conta o contexto em que ocorrem. Geralmente, estão associadas
ao sentimento de contrariedade, de frustração, de ansiedade, de raiva, de
ciúmes, de busca de atenção. Praticamente, toda criança entre um e três anos
lançará mão desse recurso...
Seja qual for a causa, é importante não
taxar a criança de mordedora, porque isso vai gerar a expectativa de que ela
volte a morder, o que pode realmente levá-la a mais mordidas. O melhor é tratar
o fato com tranqüilidade, e mostrar à criança que o que ela faz provoca dor,
machuca. E, além disso, ensinar que existem outras formas de expressar seus
sentimentos.
A passagem da fase acontece de forma
gradativa, quando a criança sai do egocentrismo e começa a descobrir o prazer
de brincar com o outro, quando se inicia o processo efetivo de socialização.
Conforme as crianças crescem, elas aprendem a controlar suas emoções e a se
expressar através da fala, deixando a mordida de lado. É importante, que tanto
a escola, quanto os pais saibam usar este momento para ensinar à criança as
regras de convivência.
Baseado no texto "Mordidas: agressividade
ou aprendizagem?" de Ana Maria Mello e Telma Vitória.
Atendimento personalizado
As ocorrências de mordidas entre crianças rapidamente trazem os pais à escola.
Os pais da criança mordida vêm indignados com a marquinha que encontraram em
seu filho. Os da criança que mordeu ficam preocupados com o seu comportamento,
com a criança receber algum rótulo etc. Para amenizar essa tensão e fazer um
diagnóstico dos alunos, conversamos isoladamente com cada família envolvida,
sondando o convívio familiar, se a criança mordia em casa, se ficava muito
sozinha, se tinha acabado de ganhar um irmãozinho etc. “Com um diagnóstico dos
alunos, nós nos sentimos mais segura para lidar com a situação”.